quarta-feira, abril 25

ANTES e DEPOIS de ABRIL


Desgraçadamente nascemos nesse tempo,
crescemos tristemente
por dentro de anos tão ocos
quão cheios de pedras aceradas
e de vozes tantas vezes inaudíveis.

Que eu esqueça desses anos
o cheiro da pobreza,
o bolor das horas magoadas,
o medo, a cela, a incerteza
e apenas recorde o calor do sangue
lutando por correr,
lutando por achar o caminho da manhã.

Que o clamor das ruas de novo me visite
como então as visitei e percorri
com a morte em sentido contrário,
como então as visitei e percorri
em busca do sol
que no quarto mês do ano renasceu
vestido de vermelho.

Que o espanto de novo me visite,
nessas ruas onde a voz aprendeu a nomear
o que as palavras mais puras
desde sempre reclamaram:
o pão e a justiça, a liberdade
palavras tão gastas que dos versos
por estúpido pudor, burguês, as exilaram.

                                                        João Pedro Mésseder

Liberdade



— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

                                                      Miguel Torga




Letra para um Hino


É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.

É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.

                                                                   Manuel Alegre

Capitães de Abril

Poemas: Conquista e Liberdade

Conquista

Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

                                                         Miguel Torga

LIBERDADE

Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.


Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.


E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome”


                                                                    Carlos Marighella
                                                                                   



Liberdade


A união faz a força!
 Liberdade eu te sei raiz do peito
a rasgar esta terra carne minha
onde a luta se faz caudal e leito,
onde a esperança, por vezes, vai sozinha;

Eu te sei voz da voz de um povo eleito
por Abril embarcado, manhãzinha,
na aventura de um mundo de outro jeito,
de outra fé, de outro sonho que não tinha;

Eu te sei, eu te canto, eu te ofereço
a paixão que me aquece desde o berço
num poema de carne e força igual

À dos ventos, marés, tremores de terra,
para erguer-te mais alto que a alta serra
com o povo nas mãos e Portugal!

                                              CARVALHO, A. M. Pinto

Flor da Liberdade


Sombra dos mortos, maldição dos vivos.
Também nós... Também nós... E o sol recua.
Apenas o teu rosto continua
A sorrir como dantes,
Liberdade!
Liberdade do homem sobre a terra,
Ou debaixo da terra.
Liberdade!
O não inconformado que se diz
A Deus, à tirania, à eternidade.

Sepultos insepultos,
Vivos amortalhados,
Passados e presentes cidadãos:
Temos nas nossas mãos
O terrível poder de recusar!
E é essa flor que nunca desespera
No jardim da perpétua primavera.

                                                      Miguel Torga


Eu falo da primeira liberdade

                    Eu falo da primeira liberdade
                    Do primeiro dia que era mar e luz
                    Dança brisa ramagens e segredo
                    E um primeiro amor morto tão cedo
                    Que em tudo o que era vivo se encarnava

Sophia de Mello Breyner Andresen

Portugal, 25 de Abril de 1974

Acabou-se a ditadura.
Triunfa o Movimento das Forças Armadas (MFA) e a sua «Revolução dos Cravos».

segunda-feira, abril 23

23 de abril

O Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de abril, dia de São Jorge.
Esta data foi escolhida para honrar a velha tradição catalã, segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas UMA ROSA VERMELHA de SAINT JORDI (São Jorge) e recebem em troca UM LIVRO.
Mais recentemente, a troca de uma rosa por um livro tornou-se uma tradição em vários países do mundo.
Em simultâneo, é prestada homenagem à obra de grandes escritores como Cervantes e Shakespeare, falecidos em 1616, exatamente a 23 de abril.


Miguel de Cervantes

Shakespeare

      
Don Quijote de la Mancha

Romeu e Julieta






domingo, abril 22

De 23 a 27 de abril na ES JGZarco - Comemorações do 25 de Abril

Diverte-te!

«Sobrevivência»

No próximo dia 26 do corrente mês de abril, a Poetria realiza, às 21h30, uma sessão de poesia no Espaço Gesto, na Rua José Falcão, 107, Porto, sobre o tema SOBREVIVÊNCIA.

No Teatro Carlos Alberto

Na Porta XIII

Dia Mundial da Terra

Todos os anos, a 22 de abril celebra-se o Dia Mundial da Terra.
A data foi criada em 1970 pelo senador americano Gaylord Nelson que resolveu realizar um protesto contra a poluição da Terra, depois de verificar as consequências do desastre petrolífero de Santa Barbara, na Califórnia, ocorrido em 1969.
Desde essa data, anualmente, milhões de cidadãos em todo o mundo manifestam o seu compromisso na preservação da do ambiente e da sustentabilidade da Terra.

22 de abril de 1500

quinta-feira, abril 19

Concurso: Envia uma resposta também!

Autor: prof. Fernando Campos

Se conseguir descobrir as nove personalidades do cartaz, envie a resposta até ao dia 25 de abril para concursosbibliozarco@gmail.com, identificando-se e ganhará um prémio.
PARTICIPE!

Participa!

Guerra aos Polegares é uma campanha de sensibilização para os riscos associados à utilização do telemóvel e, em particular, à escrita de SMS durante a condução, com o objectivo de mobilizar jovens para a prevenção rodoviária de uma forma lúdica e pedagógica.

quarta-feira, abril 18

Bento de Jesus Caraça

Cientista e divulgador científico português, Bento de Jesus Caraça nasceu a 18 de abril de 1901, em Vila Viçosa, e faleceu a 25 de junho de 1948, em Lisboa.
Notabilizou-se como matemático e professor. Lecionou, no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, as cadeiras de Matemáticas Superiores, Álgebra, Princípios de Análise Infinitesimal, Geometria Analítica e Cálculo das Probabilidades e Suas Aplicações. Nessa sua área de atividade privilegiada que foi a Matemática, publicou, entre outros estudos, as obras Interpolação e Integração Numérica (1930-1932), Lições de Álgebra e Análise (1935-1940), Cálculo Vetorial (1937), Conceitos Fundamentais de Matemática (1942) e As Funções Beta e Gama (1942).
Homem de vasta cultura, Bento de Jesus Caraça preocupava-se com o facto de esta se encontrar confinada às classes altas da sociedade. Procurou, em conformidade, fazer chegar os mais diversos tipos de informação a grande quantidade de concidadãos, o que fez através de palestras, algumas das quais depois dadas à estampa, e da sua atividade editorial à frente da coleção "Biblioteca Cosmos".
A participação na luta antifascista comprometeu a sua atividade profissional. Em 1946 foi afastado do cargo de professor. Em 1979, porém, o regime democrático reconheceria o seu mérito invulgar de cidadão e homem de cultura, condecorando-o a título póstumo com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago de Espada.

Fonte: INFOPÉDIA

170º aniversário do nascimento de Antero de Quental


Poeta filósofo português, Antero Tarquínio de Quental nasceu a 18 de abril de 1842, em Ponta Delgada, ilha de S. Miguel, Açores.
Aos dezasseis anos, inicia o curso de Direito, em Coimbra, assumindo-se como uma figura influente no meio estudantil coimbrão e tomando parte em várias manifestações académicas. É por esta altura que contacta com o socialismo utópico de Proudhon, o positivismo de Comte, o hegelianismo, o darwinismo, as doutrinas de Taine, Michelet, Renan, o romantismo social de Hugo e, segundo confessará mais tarde, perde a fé.
Publica os Sonetos de Antero (1861), Beatrice e Fiat Lux (1863), Odes Modernas (1865), acompanhadas de uma "Nota sobre a Missão Revolucionária da Poesia". Com a publicação dos opúsculos Bom Senso e Bom Gosto e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, Antero de Quental desencadeou a Questão Coimbrã.
Em 1871, organiza as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, proferindo as duas primeiras, O Espírito das Conferências e Causas da Decadência dos Povos Peninsulares.
Como resposta à proibição das Conferências, consideradas subversivas pelo Governo, Antero funda, com José Fontana, a I Internacional Operária em Portugal e também o jornal O Pensamento Social. Por esta altura, publica as primaveras Românticas e as Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa.
Em 1886, publica os Sonetos Completos e o ensaio A Filosofia da Natureza dos Naturalistas e, em 1890, publica o estudo filosófico Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX. No mesmo ano, em virtude do Ultimato inglês, regressa à atividade pública, aceitando a presidência da efémera "Liga Patriótica do Norte".
Em 1891, suicida-se em Ponta Delgada.

domingo, abril 15

Jean-Paul Sartre

Escritor e filósofo francês, Jean-Paul Sartre nasceu a 21 de junho de 1905, na cidade de Paris. Filho de um oficial da marinha que morreu quando Sartre era ainda criança, mudou-se com a mãe, sobrinha-neta do famoso médico e escritor Albert Schweitzer, para junto do avô.
A família partiu para La Rochelle em 1917, por ocasião do casamento da mãe em segundas núpcias. Após ter frequentado o Lycée Louis-le-Grand, licenciou-se pela Ècole Normale Supérieure em 1929, onde conheceu Simone de Beauvoir, que se viria a tornar na sua companheira. A partir de 1931 trabalhou como professor, tendo a possibilidade de viajar pelo Egito, Grécia, Itália e Alemanha, onde estudou a filosofia de Edmund Husserl e Martin Heiddeger.
Em 1938 publicou o seu primeiro romance, La Nausée (A Náusea), em que exprimia de forma pessimista a sua constatação do absurdo da vida, e o consequente ateísmo. No ano seguinte, e com a deflagração da Segunda Guerra Mundial foi engajado para o serviço militar em 1939, mas foi capturado pelos alemães ao fim de um ano e libertado em 1941. Juntou-se então à Resistência, e contribuiu para publicações periódicas como Les Lettres Françaises e Combat. Em 1943 publicou a sua primeira peça de teatro, Les Mouches (As Moscas), escrita em moldes da tragédia grega e recorrendo à temática da sua mitologia, e em que procura afirmar a doutrina do existencialismo, de que a responsabilidade dos atos do indivíduo recai sempre sobre si mesmo, e constitui o melhor exercício da liberdade.
Com o armistício fundou uma revista, a Les Temps Modernes, de teor literário e político. Decidiu então dedicar-se inteiramente à escrita e às atividades políticas marxistas. Em 1946 apareceu o seu estudo, L'Existencialisme Est Un Humanisme, uma espécie de manifesto da filosofia existencialista, e La Putain Respectueuse. Les Mains Sâles (As Mãos Sujas) foi publicado em 1948.
Visitou a União Soviética após a morte de Estaline, ocorrida em 1953, mas a azáfama política esgotou-o ao ponto de ter de ser internado durante dez dias num hospital. Defendeu a causa da liberdade do povo húngaro em 1956 e da do checo em 1968.
Foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1964, mas recusou a honra como forma de protesto contra os valores da sociedade burguesa. Uma organização terrorista contra a independência da Argélia colocou duas bombas no seu apartamento, uma em 1962 e outra no ano seguinte.
Foi presidente do tribunal criado por Bertrand Russell para julgar a conduta militar norte-americana na Indochina em 1967. Apoiou vivamente os acontecimentos do 'maio de 68'. Em 1970 foi detido pela polícia por vender propaganda maoista, na época proibida em França.
Um surto de glaucoma foi prejudicando gradualmente a sua visão, a partir de 1975, até o ter cegado quase completamente no fim da sua vida, que ocorreu a 15 de abril de 1980 em Paris, devido a problemas pulmonares.
Fonte: INFOPÉDIA

«Sonho de uma noite de verão», de Shakespeare

Apresentação do livro

Tributo a Leonardo da Vinci

Artista genial e inventor multifacetado italiano, nasceu a 15 de abril de 1452, em Vinci, perto de Florença, e morreu a 2 de maio de 1519 em Amboise, França.
Leonardo da Vinci foi um dos grandes artistas do Renascimento italiano. A paixão pelo conhecimento conduziu-o pelos vários campos do saber, levando-o a interessar-se pela arquitetura, pela engenharia e pela ciência. Fez muitos estudos anatómicos e tentou resolver os mais variados problemas científicos. Os planos, notas e esboços resultantes, deixou-os compilados em milhares de páginas, antecipando, desta forma, muitos dos caminhos da investigação moderna e influenciou duradoiramente a arte italiana.
Do seu trabalho, relembramos A Virgem Dos Rochedos, A Virgem, A Última Ceia (1497) e Mona Lisa (1503).
Fonte: INFOPÉDIA