quarta-feira, janeiro 26

Doação do Espólio de Sophia à BN

O acto oficial de doação do Espólio de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) pela família da escritora à Biblioteca Nacional (BN), onde também se inaugura uma exposição sobre a sua vida e obra, terá lugar hoje, dia 26 de Janeiro.
A tarefa de inventariação e classificação dos papéis de Sophia esteve a cargo da especialista em tratamento de Espólios de Literatura Portuguesa Contemporânea Manuela Vasconcelos e de Maria Andresen, filha da escritora, com o apoio do Centro Nacional de Cultura, da Fundação Calouste Gulbenkian e do BPI (Banco Português de Investimento).
Amanhã, 27 de Janeiro, começa o Colóquio Internacional Sophia de Mello Breyner Andresen, uma iniciativa de Maria Andresen e do Centro Nacional de Cultura, que decorrerá nas instalações da Gulbenkian, em Lisboa. Ao longo de dois dias, o colóquio contará com a participação de estudiosos, críticos e tradutores nacionais e estrangeiros cujos trabalhos sobre a autora são conhecidos e também com alguns jovens investigadores que iniciaram agora a descoberta da sua obra.
Considerada por muitos estudiosos como a maior poeta contemporânea portuguesa, Sophia de Mello Breyner Andresen venceu o Prémio Camões de Literatura em 1999.

Relembremos AS PESSOAS SENSÍVEIS
de Sophia de Mello Breyner Andresen
Livro Sexto

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão.»

Ó vendilhões do templo
Ó constructores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.

1 comentário:

  1. Os poetas são mesmo visionários...por isso, intemporais!
    No caso deste excelente poema de Sophia, como eu gostava que não fosse actualíssimo!
    MAS É...

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