domingo, outubro 30

Uma guloseima para a Noite das Bruxas

O saco das guloseimas estava pronto e sentia-me ansiosa por ver chegar as crianças marotas. Mas, na manhã da Noite das Bruxas tive um ataque de artrite muito forte e, à tardinha, mal me conseguia mexer. Como sabia que ia ser difícil atender todas as vezes que batessem à porta, decidi deixar o saco pendurado da parte de fora da porta e ver, na sala às escuras, o desfile das crianças mascaradas.
A primeira a chegar foi uma bailarina com três fantasminhas. Cada um pegou numa guloseima, excepto o último, que tirou do saco uma mão cheia. Foi então que ouvi a bailarina ralhar: “Não podes tirar mais do que uma!” Fiquei contente por a criança mais velha agir como se fosse a consciência do pequeno.
Seguiram-se princesas, astronautas, esqueletos e extraterrestres. Apareceram mais crianças do que as de que eu estava à espera. Como as guloseimas estavam a acabar, preparei-me para desligar a luz da entrada. Detive-me ao reparar que tinha mais quatro visitas. Os três mais velhos meteram a mão no saco e retiraram um chocolate cada. Sustive a respiração, esperançada de que ainda restasse um para uma bruxinha. Mas, quando ela retirou a mão, tudo o que segurava era apenas uma simples goma de laranja.
Os outros chamaram:
— Emily, despacha-te! Não há ninguém em casa para te dar mais guloseimas.
Mas Emily deixou-se ficar mais um pouco. Meteu a goma no saco e, imóvel, ficou a olhar para a porta. Depois, disse:
— Obrigada, casa. Gosto muito da goma de laranja.
E correu a juntar-se aos companheiros.
Uma bruxinha querida tinha-me lançado um feitiço.
Evelyn M. Gibb
J. Canfield; M. V. Hansen; J. Read Hawthorne; M. Shimoff
Second Chicken Soup for the Woman’s Soul
Florida, HCI, 1998
(Tradução e adaptação)

quarta-feira, outubro 26

terça-feira, outubro 25

A não perder!

Conferência

31 de outubro, às 15h15, no Auditório da Zarco

A entrada é gratuita.
APARECE!

Concurso de máscaras

Cria a máscara mais... assustadora, divertida, criativa e... que ganhe a melhor máscara, é claro!
REGULAMENTO
Para participar, terás de:

1. Ser aluno desta escola e frequentar o 3º ciclo.

2. Respeitar o tema, que será alusivo à noite de Hallowe'en.

3. Apresentar a máscara mais criativa.

4. Inscrever-te junto do teu professor de Inglês até quinta-feira, 27 de outubro de 2011.

5. Estar presente, na segunda-feira, 31 de outubro, no intervalo das 9h45 às 10h00, no corredor junto à cantina.

Participa! Junta-te a nós.


O prémio será surpresa!

* O Júri será constituído por 3 elementos, professores da Área Disciplinar de Inglês.

segunda-feira, outubro 24

Concurso Nacional de Leitura 2011/2012 - 1ª fase

REGULAMENTO - 1ª fase
Tal como em anos anteriores, a Escola Secundária João Gonçalves Zarco vai participar no Concurso Nacional de Leitura (CNL) 2011/2012, promovido pelo Plano Nacional de Leitura, em articulação com a DGLB e com a RBE, tendo como objetivo estimular a prática da leitura entre os alunos do Ensino Secundário e do Ensino Básico. Este concurso pretende avaliar a leitura de obras literárias pelos estudantes desses graus de ensino.
A participação no concurso está aberta a todos os estudantes da ESJGZarco. Para efeito da sua participação nesta 1ª fase do CNL, os concorrentes devem cumprir o estipulado pelo presente regulamento.

Artigo 1º
Categorização dos concorrentes
Os concorrentes serão repartidos em duas categorias: alunos do 3º ciclo do Ensino Básico (7º, 8 e 9º anos) e alunos do Ensino Secundário (10º, 11º e 12º anos).

Artigo 2º
Calendarização
A 1ª fase do Concurso Nacional de Leitura (prova eliminatória, na qual serão apurados no máximo 3 vencedores de cada categoria os quais passarão à fase seguinte) terá lugar no dia 11 de janeiro de 2012, às 16.00 horas.
As inscrições estão abertas na BiblioZarco até ao dia 25 de novembro de 2011.

Artigo 3º
Provas de seleção
As provas (escritas e/ou orais – perguntas sobre a história, o ambiente, as personagens, etc.) têm como objetivo avaliar os conhecimentos dos concorrentes sobre as obras selecionadas, podendo constar de:
  • Questionário de escolha múltipla
  • Questionário verdadeiro / falso
  • Comentário pessoal
Cada prova deverá ser entregue legível, sem emendas e sem rasuras. As eventuais situações de ex-aequo serão desempatadas mediante provas adicionais.

Artigo 4º
Obras selecionadas para leitura
Os concorrentes deverão ler para a categoria em que concorrem as seguintes obras:
Ensino Básico (7º, 8º e 9º anos)
O Pintor debaixo do lava-loiças, de Afonso Cruz
O Velho e o mar, de Ernest Hemingway
Ensino Secundário (10º, 11º e 12º anos)
A Boneca de Kokoschka, de Afonso Cruz
Mar Me Quer, de Mia Couto


Artigo 5º
Constituição e competências do júri
Ao júri, presidido pelo professor bibliotecário da BiblioZarco, cabe selecionar as obras de referência, conceber e corrigir as provas de avaliação da leitura.
Será da competência do júri resolver os casos omissos do presente regulamento.

Artigo 6º
Prémios
Serão atribuídos prémios aos três vencedores de cada uma das categorias do concurso. Estes seis participantes passarão à 2ª fase do concurso.
Aos restantes concorrentes serão atribuídos diplomas de participação.

Palavras com açúcar

Depois do TOQUALER, os alunos "alimentaram-se", recolhendo PALAVRAS COM AÇUCAR!

Palavras com açúcar

"Ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer."
                                       Natália Correia


"Isto filhos, a poesia e a cozinha são irmãs!"
                                                  Eça de Queirós


"Ler é beber e comer. O espírito que não lê
emagrece tal como o corpo que não come."
                                                               Victor Hugo

Hoje, Dia da Biblioteca Escolar, alimenta-te com PALAVRAS COM AÇÚCAR!

domingo, outubro 23

O Canteiro dos Livros - Teatro de Marionetas

Ler é...

Teresa Calçada: "Ninguém nasce leitor"

Uma revolução silenciosa ocorre hoje nas escolas, graças às bibliotecas escolares e aos professores bibliotecários. Portugal conseguiu pela primeira vez, em 2010, atingir a média dos países da OCDE em literacia de leitura. No Mês Internacional da Biblioteca Escolar, Teresa Calçada, coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) desde 1996, comissária adjunta do Plano Nacional de Leitura (PNL), deita contas à actividades das 2277 escolas integradas na RBE, que servem 1,1 milhões de alunos.



O que é hoje uma Biblioteca Escolar?
É, como sempre foi, um lugar de procura de saber. Mas hoje o que se procura, o que se encontra, o modo como se opera para encontrar, as tecnologias que usamos, não são apenas a tecnologia do livro – temos recursos em suporte papel e em suporte digital. E as bibliotecas escolares são também os professores bibliotecários. São eles os orientadores, quem transmite aos miúdos uma consciência dos méritos e das vantagens acrescidas, mas não escondendo os seus perigos – no sentido da ilusão de que tudo o que está na internet é verdadeiro. A era da web não pode viver só da destreza, tem de viver de competências que não são inatas. Nenhum leitor nasce leitor. E isso é válido tanto para a tecnologia do livro como para o ambiente digital. Os leitores fazem-se com trabalho, com produção, com prática continuada.
Segundo o último estudo do PNL, o interesse dos jovens pela leitura aumentou e 52,4% consideram-na agora muito importante. As bibliotecas escolares tiveram um papel nessa mudança de atitude?
Quero crer que sim. O estudo demonstra que há um trabalho de retaguarda da Rede de Bibliotecas Escolares, que há mais miúdos a frequentá-las, uma melhor qualificação e que a oferta se vem adequando aos tempos. Costumo dizer que as bibliotecas escolares são uma espécie de tosco, são a infraestrutura, e o PNL, uma espécie de supraestrutura, que trouxe uma narrativa construída para divulgar a leitura como um bem, valorizá-la socialmente, torná-la uma imagem de marca. Os miúdos habituaram-se a que “LeR+” não é uma coisa “cota”, os pais associam “LeR+” a uma marca de qualidade, e isso trouxe, objectivamente, como verifica este estudo, uma valorização da leitura.
Os estudos também demonstram que, na entrada da adolescência, mesmo quem tem hábitos de leitura perde-os.
Sim, há um momento em que vida é muito atraente. Mas a nossa experiência diz-nos que se os leitores estão feitos depois voltam - porque têm a competência leitora. O problema está em não ter sido feito o trabalho de formar leitores, de lhes dar a competência, de lhes criar a necessidade. Aliás, Umberto Eco há muito que nos ensinou que o livro subsistirá enquanto a necessidade existir. Por isso é tão importante trabalhar com os miúdos pequenos, criar neles a necessidade. É um trabalho muito difícil mas muito importante.
O que é ler com competência?
Primeiro, é ganhar o código de leitura. Tal como andar de bicicleta ou nadar, necessita de muito treino, o que exige tempo e persistência. Depois, é necessário ter mecanismos para perceber o que os miúdos, mesmo lendo com certa destreza, não entendem porque ler é interpretar. Muitos meninos acabam o 4º ano sem essa competência bem cimentada. Estão condenados a serem maus leitores, logo maus alunos, em muitos casos reproduzindo a exclusão que transportavam à entrada da escola. Os estudos do PISA demonstram que em Potugal a escola é inclusiva, e a biblioteca ajuda também nesse trabalho. Tendo em conta que quando entra na escola um menino de uma família mais letrada está logo condenado a ler melhor porque tem o triplo do vocabulário de outra criança de famílias menos letradas, percebe-se a importância do trabalho da escola e da biblioteca.
Em época de crise, o papel das bibliotecas é ainda mais importante?
Acho que sim. Falamos sempre das bibliotecas como locais de inclusão, quer pelos recursos que têm quer pelo facto de quem as governa desempenhar um trabalho que muitas vezes as famílias não fazem porque não sabem ou porque não podem. Quanto mais vivemos no mundo da informação (e hoje a atravessar momentos de menor abundância), mais as bibliotecas, como lugar de abundância, devem ser usadas em rede. Tenho consciência de que, no caso das bibliotecas escolares, o que verdadeiramente faz a diferença é ter lá pessoas que governam as bibliotecas. Se assim não for, são subaproveitadas. 
                                                                        
Por Cláudia Lobo, in Radar Entrevista,
Visão de 20 de outubro de 2011

[via Bibliobeiriz / Manuela D.L. Ramos, PB]

Ah! Finalmente entendo...

Por que preciso da Biblioteca? Eis a resposta.


[via Bibliotecar]

Concurso literário juvenil

REGULAMENTO
1. ENTIDADE PROMOTORA
O Concurso Literário Juvenil A Igualdade de Género após o 25 de Abril é uma iniciativa da ALC, inserido no Projecto Ser Igual = Ser +.
2. OBJECTIVOS
O principal objectivo desta iniciativa consiste em envolver os/as jovens na problemática da Igualdade de Género.
3. TEMA
A temática do concurso é A IGUALDADE DE GÉNERO APÓS O 25 DE ABRIL.
4. DESTINATÁRIOS
O concurso é aberto todos/as os/as jovens.
5. ADMISSÃO DOS TRABALHOS
  • Cada participante pode apresentar a concurso o número de trabalhos que desejar, sendo que, cada trabalho poderá ter no máximo 1500 palavras;
  • Os trabalhos apresentados a concurso poderão ser de qualquer género (ex: narrativo, lírico, dramático);
  • Qualquer plágio será da responsabilidade do/a participante;
  • Os trabalhos deverão ser apresentados em suporte digital com o formato docx.
6. ENTREGA DOS TRABALHOS
Os trabalhos deverão ser remetidos para o endereço de e-mail  geral@alc.com.pt . Juntamente com os trabalhos deverá ser enviado o nome, idade, morada, correio electrónico e número de telefone do/a concorrente.
7. PRAZO DE ENTREGA
Os trabalhos deverão ser enviados até 23 de Março de 2012.
8. CRITÉRIOS DE APRECIAÇÃO
Os critérios de apreciação pelo júri serão a escrita, a originalidade, a criatividade e a relação com o tema.
9. JÚRI DO CONCURSO
Todos os actos concursais, designadamente a apreciação, ponderação e atribuição de prémios, são da competência de um júri de reconhecida idoneidade, cujas decisões são tomadas por unanimidade ou maioria e delas não caberá recurso;
Constituição: personalidades de reconhecido mérito nas áreas de Literatura, Sociologia, e Igualdade de Género.
10. PRÉMIOS
Serão atribuídos os seguintes prémios:
1º Prémio – Conjunto de Livros (adaptado à idade do/a vencedor/a)
2º Prémio – Conjunto de DVD’s (adaptado à idade do/a vencedor/a)
3º Prémio – Conjunto de CD’s (adaptado à idade do/a vencedor/a)
11. DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS
A divulgação dos resultados será efetuada no dia 24 de Abril de 2012 no site da ALC em www.alc.com. pt
12. DIREITOS DE AUTOR
Todos/as os/as concorrentes obrigam-se a autorizar a utilização dos trabalhos, sem qualquer compensação, em todas as publicações ou actividades promovidas pela ALC desde que devidamente identificado o autor/a.
13. NOTAS FINAIS
A participação é gratuita e implica a aceitação integral deste regulamento.
As dúvidas e casos omissos serão resolvidos pelo Júri do concurso.
14. CONTACTOS
Para quaisquer esclarecimentos, podem os/as interessados/as contactar a ALC:
Rua dos Remolares, 14
1200-371 Lisboa
Telefone:212 384 610
Email: geral@alc.com.pt  [Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar]
Web: w ww.alc.com.pt

De 29 outubro a 30 novembro

Num importante museu europeu, em Viena de Áustria, encontra-se a estátua de um rapaz nu, atribuída à era romana e que é a jóia da coroa do museu. Mas a ciência, através da química, desmistifica aquela era. E o valor artístico da obra, para além da data da sua feitura?
Teatro Campo Alegre
Terça a sábado 21h30 |  Domingo 16h
Bilheteira 22 6063000 (a partir das 15h)

Em família,

Sabias que...

Não julgues o livro pela capa. Abre e lê!

Centenário do nascimento de Alves Redol

No ano em que se assinala o centenário do nascimento de Alves Redol, o município de Vila Franca de Xira através do seu Museu do Neo-Realismo, evoca o escritor e a sua obra, através das exposições: Alves Redol – Horizonte Revelado; Alves Redol, projectos de banda desenhada em torno da narrativa redoliana; e Alves Redol e a Fotografia.

Autor da obra Gaibéus, (1939), considerada marco fundador da escrita neo-realista, enquanto narrativa que introduz, no universo da ficção, esse compromisso estético e social que congregou uma nova geração em torno da transformação da sociedade portuguesa, [Alves Redol] legou-nos um significativo património literário, resultado do seu compromisso com um tempo que era o seu, mas também com a sua cidade, Vila Franca de Xira.
As exposições estarão patentes até março de 2012.
[via RBE - Blogue]

Concurso Nacional de Leitura 2011/2012

Tal como em anos anteriores, e levando em conta a necessidade de promover a leitura nas escolas de uma forma lúdica, o PNL (Plano Nacional de Leitura) em articulação com a DGLB (Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas) e com a RBE (Rede das Bibliotecas Escolares) promove, no ano lectivo de 2011/ 2012, o Concurso Nacional de Leitura. Tendo como objectivo estimular a prática da leitura entre os alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário, o concurso pretende avaliar a leitura de obras literárias pelos estudantes desses graus de ensino.

O regulamento da 1ª fase do CNL (eliminatórias na ESJGZ) estará disponível na BiblioZarco na próxima segunda-feira, dia 24 de outubro, DIA DA BIBLIOTECA ESCOLAR.
Inscreve-te e PARTICIPA!

Chocolates

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

Tabacaria [excerto]
15-1-1928
Álvaro de Campos

[1888-1935]


 



sábado, outubro 22

Receitas literárias - Sobremesas

ARROZ-DOCE
Depois chegou a hora das luzes e do jantar. Eu encomendara pelo Grilo ao nosso magistral cozinheiro uma larga travessa de arroz-doce, com as iniciais de Jacinto e a data ditosa em canela, à moda amável da nossa meiga terra. E o meu Príncipe à mesa, percorrendo a lâmina de marfim onde no 202 se escreviam os pratos a lápis vermelho, louvou com fervor a ideia patriarcal:
- Arroz-doce! Está escrito com dois ss, mas não tem dúvida... Excelente lembrança! Há que tempos não como arroz-doce! Desde a morte da avó.
Mas quando o arroz-doce apareceu triunfalmente, que vexame! Era um prato monumental, de grande arte! O arroz, maciço, moldado, em forma de pirâmide do Egipto, emergia de uma calda de cereja e desaparecia sob os frutos secos que o revestiam até ao cimo, onde se equilibrava uma coroa de conde feita de chocolate e gomos de tangerina gelada! E as iniciais, a data, tão lindas e graves na canela ingénua, vinham traçadas nas bordas da travessa com violetas pralinadas! Repelimos, num mudo horror, o prato acanalhado.
E Jacinto, erguendo o copo de Champanhe, murmurou como num funeral pagão:
- Ad Manes, aos nossos mortos!

A Cidade e as Serras

Eça de Queirós
[1845-1900]













INGREDIENTES [6 pessoas]
500g de arroz carolino
1,5l de leite
1 vagem de baunilha
500g de açucar
Canela em pó
          Ferva o leite com a baunilha. Coza o arroz no leite e, quando estiver cozido, acrescente o açúcar. Deixe arrefecer e polvilhe com a canela a gosto.

Olimpíadas do Conhecimento 2012

A Universidade Fernando Pessoa vai organizar novamente as Olimpíadas do Conhecimento, dirigidas a equipas constituídas por três alunos do 12º ano de escolaridade ou de ano pedagogicamente equivalente.
As provas incidirão sobre os domínios da Biologia, do Desenho, da Língua Portuguesa e da Matemática.
As inscrições deverão ser realizadas até 15 de abril de 2012 e as provas nacionais ocorrerão a 12 de maio de 2012.
As equipas vencedoras obterão diversos prémios e incentivos para prosseguimento de estudos.

QUASE NADA

sexta-feira, outubro 21

Receitas literárias - Pratos de carne




Dobrada à Moda do Porto





Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...


(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).


Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
                                             Álvaro de Campos*, in "Poemas"

INGREDIENTES [8/10 pessoas]
2kg de dobrada de vitela
1 mão de vitela
1 frango
150g de presunto
150gr de chouriço nortenho
500g de feijão-branco ou feijão-manteiga
40g de banha de porco
250g de cenouras
100 g de cebolas
2 dentes de alho
40g de sal grosso
pimenta moída q.b.
salsa
          Lave bem a dobrada e tire as peles. Leve a cozer durante 3-4 horas em água temperada com sal. Coza separadamente a mão de vitela em água com uma pitada de sal. À parte, faça um refogado com a banha, salsa picada, cebola e alho. Antes da cebola alourar, junte a dobrada cozida cortada aos pedaços, a mão de vitela cozida e desossada, bem como o frango cortado aos bocados, o preseunto cortado às tiras, o chouriço, as cenouras, sal, pimenta e o feijão já cozido. Depois de tudo bem cozido sirva bem quente - nunca fria!
 
 
FERNANDO PESSOA [1888-1935]
Ao lado de Camões, Fernando Pessoa é o mais celebrado dos poetas portugueses. A sua vasta obra está em grande parte distribuída por vários heterónimos: o mestre panteísta Alberto Caeiro, o classicista Ricardo Reis, o sensacionalista Álvaro de Campos e o semi-heterónimo, Bernardo Soares.
*Álvaro de Campos foi o mais futurista dos discípulos de Alberto Caeiro. Engenheiro graduado em Glasgow, foi o cantor da máquina, da velocidade, da cidade. O poeta dos magistrais poemas Ode Marítima ou Tabacaria, define-se, nas próprias palavras de Fernando Pessoa, "como um Walt Whitman com um poeta grego dentro de si. Há nele toda a pujança da sensação intelectual, emocional e física que caracterizava Whitman; mas nele verifica-se o traço precisamente oposto - um poder de construção e desenvolvimento ordenado de um poema que nenhum poeta depois de Milton jamais alcançou."

29 de outubro, às 21h30

Nascido da linha de pesquisa sobre teatro musical que O Teatrão vem traçando desde o espetáculo Cabaré da Santa, Single Singers Bar resultou num espetáculo de café-teatro que pela proximidade e intimidade que tem com o público ora o diverte, ora o emociona, ora o seduz. Recriando um cabaré dos anos trinta habitado por personagens solitárias que cantam para espantar os seus males, os atores d’ O Teatrão jogam com a teatralidade do repertório musical de espetáculos como Chicago e Cabaret, numa homenagem a grandes compositores como Cole Porter, os irmãos Gershwin, ou à dupla Kander & Ebb (a parceria mais duradoura da Broadway, que escreveu, entre outros temas, New York, New York).
Café Concerto Constantino Nery
Single Singers Bar
Pel'O Teatrão
29 de outubro, 21h30
7,50€, M/12

28 de outubro, O TEATRÃO em Matosinhos

Revisitando a dupla mais emblemática da cultura ocidental, o espetáculo d' O Teatrão realça e discute a importância do sonho e da fantasia como elementos fundamentais da construção e transgressão do real.
Dom Quixote (de Coimbra) é um espetáculo popular, que envolve o público numa viagem de proporções épicas entre o Mondego e a Lua acompanhando as aventuras do cavaleiro de La Mancha, numa demanda comandada pela imaginação.
Constantino Nery
28 de Outubro, 21h30
7,50€, M/6

Fazer face à crise

Encontram-se abertas as inscrições para o Workshop Jovens à Conversa Sobre… Fazer face à crise, dinamizado pelo Dr. Faria de Almeida (economista), a realizar no dia 27 de outubro, das 21h00 às 22h30, na sala de formação da Casa da Juventude de Matosinhos.
A literacia financeira é indispensável para que sejam adotados comportamentos mais conscientes que levem à tomada de melhores decisões financeiras. Face ao atual contexto de crise, a falta de conhecimentos ao nível da literacia financeira pode ter graves consequências na economia de cada um de nós.
Este workshop prático dirigido a jovens, pretende, sobretudo debater conceitos, estratégias, esclarecer dúvidas e refletir sobre a influência da economia no quotidiano de cada um de nós.
Para informações mais detalhadas e inscrições contactar
Casa da Juventude de Matosinhos
Telefone 22 939 80 90
Entrada Gratuita.
Inscrições Obrigatórias e Limitadas.

25 de outubro, 21h30: À conversa com...

Oficinas criativas no TNSJ

Receitas literárias - Prato de peixe

VATAPÁ DE PEIXE
Vamos ao fogão: prato de capricho e esmero é o vatapá de peixe (ou de galinha), o mais famoso de toda a culinária da Bahia. Não me digam que sou jovem, sou viúva: morta estou para essas coisas. Vatapá para servir a dez pessoas (e para sobrar como é devido).
Tragam duas cabeças de garoupa fresca - pode ser de outro peixe, mas não é tão bom. Tomem do sal, do coentro, do alho e da cebola, alguns tomates e o suco de um limão.
Quatro colheres das de sopa, cheias com o melhor azeite doce, tanto serve português como espanhol; ouvi dizer que o grego ainda é melhor, não sei. Jamais usei por não encontrá-lo à venda.
Se encontrar um noivo que farei? Alguém que retome meu desejo morto, enterrado no carrego do defunto? Que sabem vocês, meninas, da intimidade das viúvas? Desejo de viúva é desejo de deboche e de pecado, viúva séria não fala nessas coisas, não pensa nessas coisas, não conversa sobre isso. Me deixem em paz, no meu fogão.
Refoguem o peixe nesses temperos todos e o ponham a cozinhar num bocadinho d'água, um bocadinho só, um quase nada. Depois é só coar o molho, deixá-lo à parte, e vamos adiante.
Se o meu leito é triste cama de dormir, apenas, sem outra serventia, que importa? Tudo no mundo tem compensações. Nada melhor do que viver tranquila, sem sonhos, sem desejos, sem se consumir em labaredas com o ventre aceso em fogo. Vida melhor não pode haver que a da viúva séria e recatada, vida pacata, liberta de ambição e do desejo. Mas, e se não for meu leito cama de dormir e, sim, deserto a atravessar, escaldante areia do desejo sem porta de saída? Que sabem vocês da intimidade das viúvas, de seu leito solitário, de seu carrego de defunto? Aqui vieram para aprender a cozinhar e não para saber o preço da renúncia, o preço que se paga em ânsia e solidão para ser viúva honesta e recatada. Continuem a lição.
Tomem do ralo e de dois cocos escolhidos - e ralem. Ralem com vontade, vamos, ralem: nunca fez mal a ninguém um pouco de exercício (dizem que o exercício evita os pensamentos maus: não creio). Juntem a branca massa bem ralada e a aqueçam antes de espremê-la: assim sairá mais fácil o leite grosso, o puro leite de coco sem mistura. A parte o deixem.
Tirando esse primeiro leite, o grosso, não joguem a massa fora, não sejam esperdiçadas, que os tempos não estão de desperdício. Peguem a mesma massa e a escaldem na fervura de um litro de água. Depois a espremam para obter o leite ralo. O que sobrar da massa joguem fora, pois agora é só bagaço. [...]
Descasquem o pão dormido e descascado o ponham nesse leite ralo para amolecer. Na máquina de moer carne (bem lavada) moam o pão assim amolecido em coco, e moam amendoins, camarões secos, castanhas de caju, gengibre, sem esquecer a pimenta-malagueta ao gosto do freguês (uns gostam de vatapá ardendo na pimenta, outros querem uma pitada apenas, uma sombra de picante).
Moídos e misturados, esses temperos juntem ao apurado molho da garoupa, somando tempero com tempero, o gengibre com o coco, o sal com a pimenta, o alho com a castanha, e levem tudo ao fogo só para engrossar o caldo.
Se o vatapá, forte de gengibre, pimenta, amendoim, não age sobre a gente dando calor aos sonhos, devassos condimentos? Que sei eu de tais necessidades? Jamais necessitei de gengibre e amendoim; eram a mão, a língua, a palavra, o lábio, seu perfil, sua graça, era ele quem me despia do lençol e do pudor para a louca astronomia de seu beijo, para me acender em estrelas, em seu mel nocturno. [...] Sou uma viúva, nem falar de tais coisas fica bem ao meu estado. Viúva no fogão a cozinhar o vatapá, pesando o gengibre, o amendoim, a malagueta, e tão-somente.
A seguir agreguem leite de coco, o grosso e puro, e finalmente o azeite-de-dendê, duas xícaras bem medidas: flor de dendê, da cor de ouro velho, a cor do vatapá. Deixem cozinhar por longo tempo em fogo baixo; com a colher de pau não parem de mexer, sempre para o mesmo lado: não parem de mexer senão embola o vatapá. Mexam, remexam, vamos, sem parar; até chegar ao ponto justo e exactamente.
Em fogo lento meus sonhos me consomem, não me cabe culpa, sou apenas uma viúva dividida ao meio, de um lado viúva honesta e recatada, de outro viúva debochada, quase histérica, desfeita em chilique e calundu. Esse manto de recato me asfixia, de noite corro as ruas em busca de marido. De marido a quem servir o vatapá doirado e meu cobreado corpo de gengibre e mel.
Chegou o vatapá ao ponto, vejam que beleza! Para servi-lo falta apenas derramar um pouco de azeite-de-dendê por cima, azeite cru. Acompanhado de acaçá o sirvam, e noivos e maridos lamberão os beiços.

Jorge Amado*, Dona Flor e Seus Dois Maridos

INGREDIENTES [10 pessoas]
1kg de pão da véspera
1/2kg de cebolas
300g de camarão
250g de amendoim
250g de castanha de caju
1 copo de leite de coco grosso
2 copos de leite de coco fino
50g de gengibre
2 chávenas de azeite de dendê
Sal q.b.

CALDO
2 cabeças de peixe
1 molho de coentros
3 dentes de alho
2 tomates grandes
2 cebolas grandes
1 limão
Pimenta-malagueta q.b.
Sal q.b.

*AMADO, Jorge [1912-2001]
Romancista brasileiro, Jorge Amado possui uma vasta obra que reflecte o sofrimento do povo da Baía, sua fonte de inspiração primordial.
Bibliografia
País do Carnaval (1931); Capitães da Areia (1937); Gabriela, Cravo e Canela (1958); Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966); Tenda dos Milagres (1969); Tereza Batista, Cansada de Guerra (1972); Tieta do Agreste (1977), entre outros.

quinta-feira, outubro 20

Ver, não ver e aprender

Depois da visita à exposição Materiais e Equipamentos Tiflo-técnicos, enquadrada no projeto Semana Diferente e patente na Biblioteca Municipal Florbela Espanca/CMM, os alunos do 7.º 5, acompanhados pela professora de História, Sandra Nunes, e pelo professor bibliotecário, Joaquim Martins, participaram no ateliê de sensibilização e educação sobre deficientes visuais VER, NÃO VER E APRENDER: os cegos e as suas atividades diárias, a mobilidade, o Braille e o computador, dinamizado pela drª Susana Gonçalves.
Os alunos consideraram esta atividade como “divertida”, “educativa”, “interessante”, “muito importante” e “impossível fazer melhor!”.

quarta-feira, outubro 19

Receitas literárias - Sopas


CALDO VERDE

Que doce e boa, que profunda liga,
Que núpcias de sustento e de sabor,
Fazem o caldo e o pão do Cavador
No farto bojo da tigela antiga!

É verde o caldo, e loira a broa... Diga
Quem viu, se não parece, em jeito e em cor,
Um girassol, abrindo a áurea flor,
Sobre um tufo de relva, à luz amiga!

Não tendo a broa, o caldo é quase nada:
Perdeu o gosto, e não levanta a enxada;
Homem que é só, lareira sem rescaldo...

"Carne da minha carne..." Um tanto a esmo,
Direi, que enfim o bom sentido é o mesmo:
- Caldo sem broa?... Que solteiro caldo!

A. Corrêa de Almeida e Oliveira* 
Pão Nosso, Alegre Vinho e Azeite da Candeia


INGREDIENTES [4 pessoas]
1 couve galega
500g de batatas
4 rodelas de salpicão ou chouriço de carne
4 colheres de sopa de azeite
4 fatias de broa de milho
Sal q.b.

          Coza as batatas em 1,5l de água, temperada com sal, com 3 colheres de azeite. Reduza a puré e leve novamente ao lume. Quando levantar fervura, junte a couve migada. Deixe o caldo verde cozer com a panela destapada. Coloque em cada prato uma rodela de salpicão e uma fatia de broa de milho. Deite o caldo verde por cima e regue com o restante azeite em fio.

* OLIVEIRA, António Corrêa de Almeida e [1879-1960]
Professor, poeta e ensaísta, crítico, é autor de diversas antologias escolares e colaborou em jornais e revistas várias.
Publicou Cantata de Dido e Outros Poemas (1943), As Segundas Três Musas de D. Francisco Manuel de Melo (1944), O Lirismo Barroco (1948), Pão Nosso, Alegre Vinho e Azeite da Candeia, entre outras obras.